Revirando os pertences no velho baú
De coisas antigas que tenho guardado,
Meu filho encontrou em meio aos papéis
O velho retrato, já tão desgastado
Pegando nas mãos esta fotografia
Senti reviver todos meus sentimentos,
Lembrando o passado naquele instante
Parece às horas voltarem no tempo,
Na foto um formão eu pude distinguir
Serrote, a enxó, e um velho machado,
Ao lado de um tronco de jacarandá
O marcado semblante de alguém já cansado,
Falei ao meu filho das minhas origens
Histórias dos tempos dos meus ancestrais,
De que meu avô tinha sido carreiro
No solo sagrado de minas gerais,
Talhava em madeira as peças do carro
Ofício que um dia ensinou a meu pai,
Deixando pra trás incontáveis montanhas
Rumando ao vizinho estado de goiás,
A mudança arrumada na mesa do carro
As rodas pesadas cortando a estrada,
Trazendo gravada a lembrança na mente
Saudades daquela antiga morada
Eu levo nas veias herança passada
De quem preservou a nossa tradição,
E com propriedade ensino ao meu filho
O que foi o canzil, fueiro e o cambão,
A canga por sobre o pescoço dos bois
O chumaço fazendo o eixo cantar,
Que conte ao meu neto um dia essa saga
Quando para o céu, nosso pai me levar!
Que conte ao meu neto um dia essa saga
Quando para o céu, nosso pai me levar!