O sol bem baixinho tingindo o poente,
De ouro e azul coloriu o horizonte,
Uma réstia de luz a escapar das restingas,
Que ainda ficaram na encosta do monte,
Das matas que um dia margeavam as estradas,
Apenas coivaras nesta capoeira,
Aperto meu trote fujo do destino,
Bem antes que a noite chegue por inteiro,
As mãos calejadas da intensa labuta,
Meu corpo cansado, minha alma sombria,
Apenas retalhos e sobras de um nada,
No alforje guardado com a pouca alegria,
O pouso é incerto porem não me assusta,
Eu sigo seguro, levando nas veias,
Bravura de quem já nasceu sertanejo,
E nunca deixou se atar pelas peias,
E sob estrelas estendo a manta
Ao senhor em silêncio desfio uma prece,
Meu olhar reflete sonhos de criança
A lua de prata imensa aparece,
Me sinto pequeno, que assim me comparo,
Uma gota de orvalho brincando entre as plantas.